Estante Missional
RESENHA SURPREENDIDO PELA ESPERANÇA
Surpreendido
pela Esperança
Autor: N.T.
Wright
Editora:
Ultimato
Resumo:
N.T. Wright
é considerado um dos maiores estudiosos do Novo Testamento da atualidade e um
expositor Bíblico muito requisitado. Ele é professor de Novo Testamento e
Cristianismo primitivo na Universidade St. Andrews, pesquisador sênior do
Wycliffe Hall, Universidade de Oxford e autor de mais de 80 livros.
Qual é a
esperança dos cristãos? O que mais esperamos que aconteça no futuro? Como o que
os cristãos esperam no futuro afeta o que fazem no presente?
Neste livro
o autor lida com algumas destas questões e com sólida base bíblica e histórica
propõe respostas surpreendentes porque destoam da escatologia tradicional e suas propostas
para o desfecho da história, os eventos futuros e a esperança dos cristãos.
A proposta
de Wright mais se assemelha a uma teologia da nova criação, ressaltando a
essencialidade da ressurreição de Cristo neste processo recriador, do que a uma
escatologia propriamente dita.
O autor
investiga a esperança cristã primitiva alimentada pela igreja e como esta
esperança e crença para o futuro direcionava a adoração e ministério da igreja
primitiva e que podem transformar nossa missão e adoração também nos dias de
hoje.
O livro é
dividido em três partes:
Parte I:
Preparando o cenário
Nesta parte
inicial do livro o autor apresenta o quadro de confusão sobre as crenças acerca
da vida além-túmulo e como elas divergem entre si e da verdade bíblica e a
esperança dos cristãos na ressurreição.
A confusão
não se observa somente dentro do espectro religioso maior, mas também dentro
das tradições cristãs tradicionais, incluindo o abandono da crença na
ressurreição física preferindo outras noções equivocadas como a concepção
platônica de imortalidade da alma.
Wright
também analisa a crença e esperança pagã e judaica primitiva acerca da vida
além a o destino da alma. Ele afirma que a maioria dos judeus da época
acreditavam na ressurreição final, que Deus no último dia daria a seu povo
novos corpos, como diz Marta em João 11.24. Os saduceus não acreditavam na
ressurreição corpórea, mas a exemplo de Filo, acreditavam no futuro da alma.
Os cristãos
primitivos relembravam a Páscoa com grande alegria, no entanto, eles esperavam
ansiosamente por algo ainda por vir, a conclusão do evento que havia começado
na Páscoa.
Parte II:
O Plano futuro de Deus
Na segunda
parte, o autor quer responder a pergunta: qual é a suprema esperança cristã
para o mundo inteiro, e para os cristãos especificamente?
Ele critica
aqui as duas visões comuns no Ocidente, o mito do progresso e a filosofia grega
dualista. Então, ele explica que a esperança cristã aguarda a restauração de
todo cosmos. O autor também trabalha os temas da Ascensão de Jesus, da
esperança de uma “segunda vinda”, a ideia de Jesus como juiz. E, por fim, trata
sobre o estado intermediário que se encontram os mortos. De modo geral, essa
parte do livro é a imagem ampliada da restauração que deverá acontecer no
futuro.
Parte
III: A esperança na prática: A ressurreição e a missão da igreja
A terceira e
última parte do livro parece ser a mais prática e aplicativa do conceito de
esperança que ele compartilhou no restante do livro. A questão aqui a ser respondida
aqui é: como: como podemos celebrar apropriadamente essa esperança e vivê-la em
nosso próprio contexto? Vemos então como no Novo Testamento a ressurreição de
Jesus tem a ver com muitas questões da vida presente, e a partir daí Wright
tira algumas conclusões para a vida da igreja hoje.
O argumento
geral que conclui o livro é que a compreensão adequada da (surpreendente)
esperança futura que nos é concedida em Jesus Cristo conduz diretamente, e de
modo também surpreendente, a uma visão da esperança presente, que constitui a
base de toda missão cristã.
O centro da
reflexão de N.T. Wright é a Ressurreição de Jesus Cristo. Por conta da
ressurreição, todo um novo mundo de possibilidades foi aberto para nós. Essa é
a nova criação de Deus.
“Jesus de Nazaré não é simplesmente uma
nova religião, ou uma nova ética, ou um novo caminho para a salvação. Trata-se
de uma nova criação” (p. 83)
Conclusão
Surpreendido
pela esperança é uma leitura agradável, fascinante provocativa. Nos faz
repensar a centralidade da ressurreição na fé, adoração e missão da igreja
cristã. Esse livro redimensiona a esperança cristã para algo maior e mais
abrangente do que a visão tradicional da esperança cristã, a de que no fim
iremos para o céu e este mundo será destruído e os salvos irão para o céu e os
perdidos ao inferno. Revela que o propósito de Deus para a humanidade e toda a
sua criação é muito maior do que a nossa mudança de endereço e a destruição
daquilo que estava corrompido. Deus quer e vai redimir e recriar tudo. A
ressurreição de Jesus foi a amostra da nova criação que Deus vai realizar no
futuro na sua criação.
A grande
contribuição desta leitura é que ela nos liberta de uma teologia pessimista em
relação a este mundo e a humanidade, que acredita que está tudo indo de maior a
pior, e que não haverá mudança ou redenção e que este mundo está se destruindo
mesmo, não faz sentido trabalhar em prol de mudanças.
O autor nos
relembra das palavras de Paulo em 1Coríntios 15: 58 –
“Portanto, meus amados irmãos, sejam firmes, inabaláveis e sempre abundantes na
obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o trabalho de vocês não é vão.”
O nosso trabalho aqui e agora nunca será em
vão porque terá uma continuidade e aperfeiçoamento da nova criação que Deus
está preparado no fim.
“Céu e terra foram feitos um para o outro,
e possuem alguns pontos de interseção, onde se unem. Jesus é esse ponto supremo
de interseção e de união. Nós, como cristãos, devemos ser esses pontos, criados
a partir dele. O Espírito, os sacramentos e as Escrituras fornecem, assim, tudo
que precisamos para vivermos como Jesus, tanto na esfera celestial quanto
terrena, já no presente” (p. 266)
Papa Francisco
O FUTURO DA FÉ
Entrevistas com o Sociólogo Dominique Wolton
Autor: Dominique Wolton
Editora: Petra
O Papa é a maior figura religiosa do mundo.
Não é surpresa ligar o jornal na TV e
encontrar alguma notícia, algum pronunciamento ou qualquer coisa relacionada a
ele.
Existe ao redor dele muito misticismo,
muita energia, muitos olhos e ouvidos sempre querendo saber o que ele está
falando e fazendo.
O livro “O Futuro da Fé” basicamente se
trata de um compilado de entrevistas do sociólogo francês Dominique Wolton com
o Santo Padre. Eles se reuniram com frequência no Vaticano e tiveram a oportunidade
de discutir sobre diversos assuntos, sempre com uma boa dose de bom-humor, as
vezes com algumas faíscas mas com um tom amistoso quase que palpável nas
páginas do livro.
Papa Francisco é o tipo de pessoa que
você sempre olha e pensa: “O que será que ele pensa sobre isso?”, e com certeza
uma das coisas mais interessantes sobre esse livro foi a oportunidade de saber
algumas das opiniões do Santo Padre sobre o mundo, sobre a sociedade, sobre
política, sobre a igreja, sobre a juventude, sobre o futuro, sobre o passado,
sobre a vida.
E nesse livro nós podemos conhecer um
pouco mais dos pensamentos e sentimentos desse homem que muitas vezes parece
tão distante, e santo.
É possível também perceber nele um
equilíbrio muito impressionante entre uma leveza com um tom quase cómico e uma
sabedoria fora do comum, e existiram varias frases nesse livro que me chamaram
a atenção e que deixaram muito claro o tamanho da sabedoria do Santo Padre,
como por exemplo: “A misericórdia é uma viagem que vai do coração para a mão”
ou “o reacionário é reacionário porque tem um intérprete interior: sua própria
ideologia” e como ultimo exemplo: “o cristianismo não é uma ciência, não é uma
ideologia, não é uma ong, o cristianismo é um encontro com uma pessoa.”
E essa última frase me faz refletir
sobre o que talvez seja um dos grandes temas das conversas entre Dominique e
Francisco que resultaram nesse livro, o papel do cristianismo no mundo.
Qual o papel da igreja na sociedade?
O que devemos e o que não devemos fazer?
Como nossa visão, nossos ideais e
crenças podem cooperar para uma sociedade melhor?
No decorrer do livro ele deixa três
frases sobre isso que eu acredito que resumam bem:
“A igreja deve atuar na política criando
pontes.”
“Em tempos difíceis, o futuro da
humanidade depende da nossa capacidade conjunta de darmos testemunho do
Espírito.”
“A igreja prega antes com as mãos do que
com palavras.”
Não deve existir um movimento por parte
da Igreja de cruzar os braços diante das injustiças que acontecem na nossa
frente todos os dias, pelo contrário, é necessário que tomemos atitudes, é
necessário ir à linha de frente, ir à luta por paz e justiça e esse é o tipo de
espiritualidade que Francisco diz ser o “Futuro da Fé”.
Quando perguntado sobre onde estava Deus
quando tantas catástrofes aconteceram, ele simplesmente responde de uma forma
incrível: “não sei onde está Deus nessa situação, mas sei onde está o homem.”
Eu recomendo essa leitura principalmente
pela importância desse diálogo e da promoção dessa nova espiritualidade.
Uma espiritualidade que desague em
atitudes, em abraços, em mãos estendidas, em projetos sociais, em transformações
de vidas e de comunidades.
Uma espiritualidade que adote um estilo
de comunicação que escolha se abaixar e ouvir olhando no olho, que escolha
conhecer e não só convencer e que escolha promover dialógos e pontes com o
sonho de fazer do mundo um lugar melhor.
Israel Joab Mendes
Israel Joab Mendes
MISSÕES: O Desafio continua.

Autor: Ronaldo Lidório
Editora: Betânia
Resumo:
Ronaldo Lidório é uma das maiores autoridades brasileira em
missões. Suas contribuições não se resumem apenas ao trabalho em campo
missionário. Seus escritos cobrem tanto o despertamento e a vocação para
missões como diversas áreas da missiologia: Antropologia missionária,
contextualização, plantio e revitalização de igrejas, lingüística, comunicação
transcultural e fenomenologia da religião.
Em Missões: o desafio continua, Ronaldo Lidório procura
despertar o leitor (que aqui se restringe à igreja como povo escolhido e
propriedade particular) a tarefa da Grande Comissão (Mt 28.19). Lidório
demonstra a necessidade que temos de não nos esquecermos da ordem de Jesus de
irmos por todo o mundo e pregarmos o evangelho. Diante disso temos que voltar
os nossos olhos para o tempo presente e reconhecermos e encararmos a realidade,
os desafios e os obstáculos que se apresentam nessa grande tarefa dada a Igreja
que é anunciar a Cristo em todos os povos.
O livro é dividido em 5 partes. Na primeira parte o autor
conceitua missões em diversos termos como fidelidade, integridade, autoridade
espiritual bem como o fundamento bíblico da missão. Na segunda parte Lidório
trata das fronteiras que precisam ser ultrapassadas para a realização da
missão. A barreira lingüística, cultural e espiritual são apresentadas e
devidamente colocadas como os maiores dificuldades que se apresentam para o
missionário. A igreja de Atos é estudada com minuciosidade e suas
características constituem um modelo de igreja missionária e isso é tratado com
afinco na terceira parte. Na quarta parte Lidório fazendo alusão a Lc 14.28-30
declara que antes de “construir uma torre” é necessário “calcular as despesas”,
nos trazendo uma profunda reflexão de que há um preço a ser pago por cada um
que se engaja nessa grande obra e se de fato estamos preparados para pagar esse
preço. Na quinta e última parte ele termina nos convocando a “colocar a mão no
arado”. A igreja visionária é aquela que enxerga a dor e a solidão do mundo sem
Cristo e com isso coloca de fato a mão no arado.
Diante de tudo que foi visto uma pergunta surge: O que temos
feito?
Ronaldo Lidório com sua paixão pela glória de Deus, seu amor
pelos perdidos e sua incansável mão no arado nos mostra não somente o que temos
que fazer e sim que é possível fazer!
Missões: o desafio continua!
(Rodrigo Almeida)
EVANGELIZAÇÃO OU COLONIZAÇÃO?
O Risco de fazer Missão sem se importar com o outro

Autora: Analzira Nascimento
Editora: Ultimato
Resumo:
Analzira foi missionária em Angola pela junta de Missões Mundiais e serviu por 17 anos naquele país,mesmo no período da guerra civil. Ela coordena projetos missionários na Igreja Batista Água Branca, leciona sobre missiologia em várias instituições teológica e coordena eventos de missões como o VOCAÇÃO.
O presente livro é a publicação de sua tese de Doutorado em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo.
Abaixo tem uma boa resenha de Daniel Buanaher sobre o livro.
O livro começa descrevendo a crise pragmática sociocultural e
epistemológica que vivemos neste início de milênio e que afetou também o
projeto missionário cristão. Faz uma boa demonstração da influência do
iluminismo no pensamento e prática missionária, contribuindo para configurar o
sentimento de superioridade ocidental, que foi fortalecido com os projetos
colonialistas. Descreve a crise desse modelo e sugere a busca de uma adequação
para superar o descompasso com um novo mundo.
Expõe como o modelo de missão foi sendo sedimentado a partir
da compreensão que a igreja tinha acerca do seu papel no mundo em cada época. O
livro fica mais interessante no capítulo sobre o protestantismo, quando discute
o projeto imperialista e monocultural que a Reforma Protestante impulsionou com
marcas do puritanismo e do pietismo. No último capítulo, propõe um reencontro
com a dialogicidade para atuar uma nova lógica descolonizada. Defende a
recuperação do modelo ideal bíblico, o aprendizado com a história e a educação
do olhar para ver o mundo na perspectiva do outro. Afirma que é preciso parar
de invadir “a casa do outro”, entender que ele também tem o que dizer e que,
ouvindo, alcançaremos condições do diálogo.
Analzira, a escritora-focada, não se prende muito nas
questões teológicas nem quando vê um assunto que poderia garantir um belo
debate como a Missio Dei. Diz ela que o livro não é sobre teologia da missão,
mas sobre encontrar alternativas que recuperem o ideal do projeto inicial de
Deus.
Entretanto, Analzira está sempre atenta às questões mais
importantes. Por exemplo, quando precisou redefinir o termo “missão”, chama
Karl Barth, que definiu missão como a ação de Deus no mundo. E o africano David
Bosch que disse que missão é envolver-se no movimento do amor de Deus com a
humanidade. Assim, a Missio Dei nos dá uma visão mais holística e traz
abordagens mais relacionais e menos gerenciais.
As comunidades evangélicas não deveriam se fechar em seus
guetos, falando com um mundo que não existe. É preciso ter uma visão sistêmica
que contempla o homem na sua integralidade e compreender nossa responsabilidade
diante da sociedade contemporânea.
Levar o Evangelho não significa se impor diante da cultura do
outro. Na evangelização, fica implícito que todos podem continuar a tecer,
compor, escrever, brincar, dançar como sempre fizeram, desde que isso não se
oponha ao evangelho. O evangelho nos convoca à pratica da justiça; traz
abordagens solidárias entre distintos homens e mulheres e nos convida a
tornamo-nos cada vez mais parecidos com Jesus, nosso irmão e amigo.
Portanto, que possamos – com a graça de Deus – negar na nossa
prática missionária a colonização e praticar a evangelização dialogal.
(RE) PENSANDO A MISSÃO DA IGREJA LOCAL
Editora: Ultimato
René Padilla é um dos teólogos e pensadores protestantes latino americanos mais conhecidos e respeitados em todo o mundo. É um dos membros fundadores da Fraternidade Teológica Latino Americana, considerado um dos pais da Teologia da Missão Integral e reconhecido e respeitado conferencista sobre temas relativos a missão da igreja, reino de Deus e o casamento entre evangelismo e ação social como missão completa da igreja.
Neste Livro o autor aborda a necessidade de a igreja repensar a sua missão diante das constantes mudanças do mundo e das crescentes necessidades da humanidade.
Inicialmente o autor apresenta a ação e presença do Espírito Santo no Pentecostes como realidade inseparável da Igreja em sua missão. Nos capítulos 1 a 3 ele descreve esta relação da igreja e o Pentecostes em Atos 2 em três partes:
O evento do Pentecostes (v.1-13), o significado do Pentecostes (v.14-39) e os resultados do Pentecostes (v.40-47).
O evento do Pentecostes (v.1-13), o significado do Pentecostes (v.14-39) e os resultados do Pentecostes (v.40-47).
Apartir do capítulo 4 até o 13 a abordagem do autor tem ênfase mais missiológica e eclesiológica missional. No Capítulo 4 afirma a vocação missionária de toda a igreja e de todo cristão. Ele demonstra que o cristianismo foi sempre um movimento de leigos e que expandiu e se consolidou assim por muito tempo. Somente depois que a noção de “profissionalização” do ministério e da missão se infiltrou na igreja e se estabeleceu até os dias de hoje.
Esta noção de a missão da igreja ser coisa para “especialistas” constitui uma das maiores barreiras para o cumprimento da missão da igreja. Certamente é algo que precisa ser repensado.
Nos capítulos 5 e 6 René afirma que a obra missionária é uma obra de cruzamento de fronteiras, quer geográficas ou culturais. Também ele diz que “para ser missionário basta cruzar fronteiras entre a fé e a ausência de fé portando a mensagem do evangelho, e as linhas delimitadas em relação a Jesus Cristo, e não em termos de geografia ou de cultura. ”
Importante também é a reflexão sobre as dicotomias doentias entre “igrejas missionárias” e “igrejas receptoras” e entre “igrejas jovens e igrejas estabelecidas”. Estas dicotomias ressaltam o papel de dominação de uma sobre a outra e falta de unidade e de interdependência na obra missionária de tempos atrás e ainda repetidas em alguns contextos missionários hoje.
Dos capítulos 7 a 10. São tratados temas práticos e relevantes como o crescimento numérico da igreja (sua explosão na América Latina, suas causas, natureza e implicações), o papel importante da unidade da igreja na missão e as terríveis consequências da fragmentação do corpo de Cristo.
Outros temas igualmente relevantes tratados são “as missões e o dinheiro” (sua falta e a sua necessidade) e a “pregação do evangelho da prosperidade” como reflexo de uma era consumista e de busca em suas falsas promessas por soluções para a fome e a pobreza onde o poder público tem falhado de forma miserável.
Capítulo 11 aborda a importância dos pequenos grupos no cumprimento da missão da igreja ao redor do mundo nos dias de hoje. Em países fechados como a China, a igreja nos lares é o caminho de crescimento da fé cristã naquele ambiente hostil. Em países de crescente ceticismo e ateísmo como na Europa, as igrejas em templos têm fechado as portas, mas as igrejas nos lares permanecem de portas abertas. O autor também ressalta a alta qualidade na comunhão e espiritualidade nas igrejas nos lares na igreja primitiva. Elas eram a regra e não a exceção.
Capítulos 12 e 13 focam mais na liderança cristã e seu papel no desempenho da missão. Cap.12 aborda a educação teológica para missão. A educação teológica e a formação da liderança cristã hoje deve focar na igreja como agente do reino de Deus para promover transformação no mundo.
Os líderes capacitam os leigos para atuarem em prol de uma missão que tem dimensões pessoais e sociais. Tal educação teológica deve responder e preparar para atuar nestas duas dimensões.
O cap. 13 trata do perigo e da tentação do poder e a ambição na liderança e do poder do amor para uma liderança serva marcada pela humildade e serviço.
Os líderes capacitam os leigos para atuarem em prol de uma missão que tem dimensões pessoais e sociais. Tal educação teológica deve responder e preparar para atuar nestas duas dimensões.
O cap. 13 trata do perigo e da tentação do poder e a ambição na liderança e do poder do amor para uma liderança serva marcada pela humildade e serviço.
Finalmente o autor encerra o livro compartilhando a sua jornada como pastor e da sua igreja de classe média em uma área residencial em Buenos Aires em uma igreja serva com ministérios voltados para a inclusão e auxílio de pobres e marginalizados da sociedade. Ele relata que foi uma jornada da “marginalização à solidariedade”.
Repensando a missão da igreja é um livro profundo escrito de forma simples e direta. Rico em reflexão Bíblico-teológica e de orientação missiológica relevante. Um livro que vale a pena ler e buscar viver o que ele ensina.
Boa leitura.
“O Espírito de Deus é um espírito missionário; a igreja que ele cria, portanto, é uma igreja com senso de missão” (René Padilla)
O QUE É IGREJA MISSIONAL: Modelo e vocação no Novo Testamento
Autor: Timóteo Carriker
Editora: Ultimato
Resumo:
Timóteo Carriker é missionário americano atuando há 42 anos no Brasil,
naturalizado Brasileiro e envolvido na plantação de igrejas, treinamento de
missionários e produção de material missiológico relevante e contextualizado.
Neste Livro o autor aborda o significado e as marcas de uma igreja
missional segundo o Novo Testamento através do modelo de igrejas Neo
Testamentárias fundadas por Paulo.
Inicialmente o autor começa esclarecendo o significado etimológico das
palavras “missional”, “missionário”, “missão” e “missões”. Em Síntese ele
define o termo missional como: “a identidade da igreja como instrumento de
transformação do mundo, especialmente em seu círculo mais imediato. ”
Consequentemente a definição de “missionária” refere-se também a identidade da
igreja como instrumento de Deus para a transformação do mundo, mas em contextos
mais distantes. ”
Depois o autor passar a descrever o surgimento e desenvolvimento
teológico e missiológico do conceito missional e Missio Dei.
No capítulo 1 o autor apresenta um dado pouco conhecido entre os
cristãos contemporâneos. O cristianismo cresceu de 0 a 50% da população do
Império Romano em 300 anos, devido principalmente ao seu constante testemunho.
Uma taxa de crescimento de 40% por década. No 350 d.C. o cristianismo contava
com mais de 33 milhões de adeptos, perfazendo 56% da população do Império
Romano. A seguir autor apresenta os dois valores fundamentais do movimento
cristão que contribuíram positivamente para o testemunho da igreja e o seu
impacto missional.
1. O amor em ação: O autor cita dados históricos do
estudo do sociólogo Rodney Stark e aponta que a igreja entendeu profundamente a
dimensão social do seu chamado missionário. Com isso ocasionou transformações
significativas na sociedade romana. O autor cita como exemplo desta atuação
social transformadora e a adesão de mais pagão a fé cristã, a resposta cristã a
duas epidemias que assolaram o império Romano.
- A epidemia da varíola
(165 d.C.) –
Esta epidemia durante 15 anos varreu cerca de um quarto da população do
império.
- A epidemia da
rubéola (251 d.C.) – Igualmente violenta atingindo igualmente
cidades e áreas rurais.
Stark elabora 3 teses para descrever as razões porque estas
epidemias contribuíram para o crescimento da igreja:
O diferencial da visão cristã acerca do sofrimento – O paganismo e as
filosofias helênicas não viam propósito em desastres naturais e o cristianismo
projetou uma visão esperançosa do futuro.
O amor e caridade cristão – Os cristãos empreenderam um esforço de
enfermagem heroico, muitas vezes a custo da própria vida. Eles cuidavam não
apenas de seus irmãos, mas da população em geral. Enquanto a resposta pagã as
epidemias era a fuga. Os cristãos eram mais capazes de lidar com os desastres,
o que resultou em altas taxas de sobrevivência. Ao fim de cada epidemia o
número de cristãos era maior.
A quebra de vínculos que impediam a adesão cristã. Com a morte de
grande parte da população, as epidemias interromperam vínculos pagãos que
impediam a conversão ao cristianismo.
O primeiro fator de crescimento cristão foi a presença eficaz do
amor em ação (social)
2. A Graça abundante: A percepção da graça de Deus e a
busca de viver somente por ela é o fator que nutre o amor em ação (social). Ela
nutre o amor em ação porque quem vive pela graça de Deus, sabe que depende
unicamente da misericórdia de Deus, sendo, então, muito mais capaz de espelhar
essa mesma misericórdia nos seus relacionamentos humanos.
“Acredito que um dos maiores desafios para as nossas igrejas
atuais na sua tarefa missional é entender não apenas que nos tornamos povo de
Deus unicamente por Sua Graça, mas que a Graça é o maior Paradigma pelo qual vivemos.
“Frequentemente, a maior tentação da igreja não é simplesmente
descambar para esta ou aquela heresia. O perigo maior é o mesmo dos hebreus
advertidos na carta de Paulo: a negação efetiva da graça de Deus em sua
vivência e o retorno para uma religiosidade governada pela lei, por regras, por
tradição e por usos e costumes.
Apartir do capitulo 2 o autor entra de fato no cerne do livro que é as
características missionais que marcam as igrejas neo-testamentárias. Do
capítulo 2 ao capítulo 7 o autor analisa as características missionais de 6
igrejas: Antioquia, Roma, Filipos, Éfeso, Jerusalém e Galácia.
Nas suas análises o autor identifica nestas igrejas os dois valores
fundamentais:
- A vida pela Graça de Deus
- O amor em ação
Além dos valores fundamentais, ele encontra 5 marcas missionais em comum
nestas igrejas:
1. Vida de
oração e adoração (At 13:2-3; At 16:14;Rm 12:1-2;Ef 1:15-23;6:10-20;At
2:42,47;4:23-31)
2. Liderança
Diversificada e bem distribuída – (At 6:1-7;13:1-3;Rm
16:1-6,21-23;Fp1:1)
3. Dependência do Espírito
Santo – (At 13:2; Rm 8:1-11;At 16;Ef 1:13-14;At 2:16-21;4:31;Gl 5:16-26)
4. Ministério de longo
prazo e grande esforço – (Rm 15:19-21;Fp 2:15-16;Ef 3:10;At
1:8;8:1-3)
5. Percepção de sua
vocação Missional – (Rm 15:18; 16:26;Ef 6:5-9)
Outras características missionais descritas em algumas igrejas
- A vocação missional da
igreja é iminentemente voltada para fora,e não para dentro (At 1:8;5:42)
- A igreja existe por Deus
para o mundo (Alvo de testemunho o mais abrangente possível (Rm 15:20; Ef
3:10;Hc 2:14)
“O impacto do
Reino de Deus não é mera questão de métodos e estratégias..., Mas acima de
tudo, é uma questão de conteúdo.
A nossa mensagem é a Graça de Deus revelada na crucificação e Ressurreição de Jesus e vivida diariamente pelo Espírito Santo.
Somente a graça pode nutrir o amor do povo de Deus pelo seu próximo,
o que, por sua vez, abre caminho para o anúncio do evangelho e a transformação que ele promove na vida daqueles que creem. ”
A nossa mensagem é a Graça de Deus revelada na crucificação e Ressurreição de Jesus e vivida diariamente pelo Espírito Santo.
Somente a graça pode nutrir o amor do povo de Deus pelo seu próximo,
o que, por sua vez, abre caminho para o anúncio do evangelho e a transformação que ele promove na vida daqueles que creem. ”
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