Estante Missional




RESENHA SURPREENDIDO PELA ESPERANÇA


Surpreendido pela Esperança

Autor: N.T. Wright

Editora: Ultimato

Resumo:

N.T. Wright é considerado um dos maiores estudiosos do Novo Testamento da atualidade e um expositor Bíblico muito requisitado. Ele é professor de Novo Testamento e Cristianismo primitivo na Universidade St. Andrews, pesquisador sênior do Wycliffe Hall, Universidade de Oxford e autor de mais de 80 livros.

Qual é a esperança dos cristãos? O que mais esperamos que aconteça no futuro? Como o que os cristãos esperam no futuro afeta o que fazem no presente?
Neste livro o autor lida com algumas destas questões e com sólida base bíblica e histórica propõe respostas surpreendentes porque destoam da escatologia tradicional e suas propostas para o desfecho da história, os eventos futuros e a esperança dos cristãos.
A proposta de Wright mais se assemelha a uma teologia da nova criação, ressaltando a essencialidade da ressurreição de Cristo neste processo recriador, do que a uma escatologia propriamente dita.
O autor investiga a esperança cristã primitiva alimentada pela igreja e como esta esperança e crença para o futuro direcionava a adoração e ministério da igreja primitiva e que podem transformar nossa missão e adoração também nos dias de hoje.

O livro é dividido em três partes:

Parte I: Preparando o cenário

Nesta parte inicial do livro o autor apresenta o quadro de confusão sobre as crenças acerca da vida além-túmulo e como elas divergem entre si e da verdade bíblica e a esperança dos cristãos na ressurreição.
A confusão não se observa somente dentro do espectro religioso maior, mas também dentro das tradições cristãs tradicionais, incluindo o abandono da crença na ressurreição física preferindo outras noções equivocadas como a concepção platônica de imortalidade da alma.
Wright também analisa a crença e esperança pagã e judaica primitiva acerca da vida além a o destino da alma. Ele afirma que a maioria dos judeus da época acreditavam na ressurreição final, que Deus no último dia daria a seu povo novos corpos, como diz Marta em João 11.24. Os saduceus não acreditavam na ressurreição corpórea, mas a exemplo de Filo, acreditavam no futuro da alma.
Os cristãos primitivos relembravam a Páscoa com grande alegria, no entanto, eles esperavam ansiosamente por algo ainda por vir, a conclusão do evento que havia começado na Páscoa.

Parte II: O Plano futuro de Deus

Na segunda parte, o autor quer responder a pergunta: qual é a suprema esperança cristã para o mundo inteiro, e para os cristãos especificamente?
Ele critica aqui as duas visões comuns no Ocidente, o mito do progresso e a filosofia grega dualista. Então, ele explica que a esperança cristã aguarda a restauração de todo cosmos. O autor também trabalha os temas da Ascensão de Jesus, da esperança de uma “segunda vinda”, a ideia de Jesus como juiz. E, por fim, trata sobre o estado intermediário que se encontram os mortos. De modo geral, essa parte do livro é a imagem ampliada da restauração que deverá acontecer no futuro.

Parte III: A esperança na prática: A ressurreição e a missão da igreja

A terceira e última parte do livro parece ser a mais prática e aplicativa do conceito de esperança que ele compartilhou no restante do livro. A questão aqui a ser respondida aqui é: como: como podemos celebrar apropriadamente essa esperança e vivê-la em nosso próprio contexto? Vemos então como no Novo Testamento a ressurreição de Jesus tem a ver com muitas questões da vida presente, e a partir daí Wright tira algumas conclusões para a vida da igreja hoje.
O argumento geral que conclui o livro é que a compreensão adequada da (surpreendente) esperança futura que nos é concedida em Jesus Cristo conduz diretamente, e de modo também surpreendente, a uma visão da esperança presente, que constitui a base de toda missão cristã.
O centro da reflexão de N.T. Wright é a Ressurreição de Jesus Cristo. Por conta da ressurreição, todo um novo mundo de possibilidades foi aberto para nós. Essa é a nova criação de Deus.

“Jesus de Nazaré não é simplesmente uma nova religião, ou uma nova ética, ou um novo caminho para a salvação. Trata-se de uma nova criação” (p. 83)

Conclusão

Surpreendido pela esperança é uma leitura agradável, fascinante provocativa. Nos faz repensar a centralidade da ressurreição na fé, adoração e missão da igreja cristã. Esse livro redimensiona a esperança cristã para algo maior e mais abrangente do que a visão tradicional da esperança cristã, a de que no fim iremos para o céu e este mundo será destruído e os salvos irão para o céu e os perdidos ao inferno. Revela que o propósito de Deus para a humanidade e toda a sua criação é muito maior do que a nossa mudança de endereço e a destruição daquilo que estava corrompido. Deus quer e vai redimir e recriar tudo. A ressurreição de Jesus foi a amostra da nova criação que Deus vai realizar no futuro na sua criação.
A grande contribuição desta leitura é que ela nos liberta de uma teologia pessimista em relação a este mundo e a humanidade, que acredita que está tudo indo de maior a pior, e que não haverá mudança ou redenção e que este mundo está se destruindo mesmo, não faz sentido trabalhar em prol de mudanças.
O autor nos relembra das palavras de Paulo em 1Coríntios 15: 58 – “Portanto, meus amados irmãos, sejam firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o trabalho de vocês não é vão.” 

O nosso trabalho aqui e agora nunca será em vão porque terá uma continuidade e aperfeiçoamento da nova criação que Deus está preparado no fim.

“Céu e terra foram feitos um para o outro, e possuem alguns pontos de interseção, onde se unem. Jesus é esse ponto supremo de interseção e de união. Nós, como cristãos, devemos ser esses pontos, criados a partir dele. O Espírito, os sacramentos e as Escrituras fornecem, assim, tudo que precisamos para vivermos como Jesus, tanto na esfera celestial quanto terrena, já no presente” (p. 266)


 


Papa Francisco
O FUTURO DA FÉ
Entrevistas com o Sociólogo Dominique Wolton
Autor: Dominique Wolton
Editora: Petra


O Papa é a maior figura religiosa do mundo.
Não é surpresa ligar o jornal na TV e encontrar alguma notícia, algum pronunciamento ou qualquer coisa relacionada a ele.
Existe ao redor dele muito misticismo, muita energia, muitos olhos e ouvidos sempre querendo saber o que ele está falando e fazendo.

O livro “O Futuro da Fé” basicamente se trata de um compilado de entrevistas do sociólogo francês Dominique Wolton com o Santo Padre. Eles se reuniram com frequência no Vaticano e tiveram a oportunidade de discutir sobre diversos assuntos, sempre com uma boa dose de bom-humor, as vezes com algumas faíscas mas com um tom amistoso quase que palpável nas páginas do livro.

Papa Francisco é o tipo de pessoa que você sempre olha e pensa: “O que será que ele pensa sobre isso?”, e com certeza uma das coisas mais interessantes sobre esse livro foi a oportunidade de saber algumas das opiniões do Santo Padre sobre o mundo, sobre a sociedade, sobre política, sobre a igreja, sobre a juventude, sobre o futuro, sobre o passado, sobre a vida.
E nesse livro nós podemos conhecer um pouco mais dos pensamentos e sentimentos desse homem que muitas vezes parece tão distante, e santo.
É possível também perceber nele um equilíbrio muito impressionante entre uma leveza com um tom quase cómico e uma sabedoria fora do comum, e existiram varias frases nesse livro que me chamaram a atenção e que deixaram muito claro o tamanho da sabedoria do Santo Padre, como por exemplo: “A misericórdia é uma viagem que vai do coração para a mão” ou “o reacionário é reacionário porque tem um intérprete interior: sua própria ideologia” e como ultimo exemplo: “o cristianismo não é uma ciência, não é uma ideologia, não é uma ong, o cristianismo é um encontro com uma pessoa.”
E essa última frase me faz refletir sobre o que talvez seja um dos grandes temas das conversas entre Dominique e Francisco que resultaram nesse livro, o papel do cristianismo no mundo.
Qual o papel da igreja na sociedade?
O que devemos e o que não devemos fazer?
Como nossa visão, nossos ideais e crenças podem cooperar para uma sociedade melhor?
No decorrer do livro ele deixa três frases sobre isso que eu acredito que resumam bem:
“A igreja deve atuar na política criando pontes.”

“Em tempos difíceis, o futuro da humanidade depende da nossa capacidade conjunta de darmos testemunho do Espírito.”

“A igreja prega antes com as mãos do que com palavras.”

Não deve existir um movimento por parte da Igreja de cruzar os braços diante das injustiças que acontecem na nossa frente todos os dias, pelo contrário, é necessário que tomemos atitudes, é necessário ir à linha de frente, ir à luta por paz e justiça e esse é o tipo de espiritualidade que Francisco diz ser o “Futuro da Fé”.
Quando perguntado sobre onde estava Deus quando tantas catástrofes aconteceram, ele simplesmente responde de uma forma incrível: “não sei onde está Deus nessa situação, mas sei onde está o homem.”
Eu recomendo essa leitura principalmente pela importância desse diálogo e da promoção dessa nova espiritualidade.
Uma espiritualidade que desague em atitudes, em abraços, em mãos estendidas, em projetos sociais, em transformações de vidas e de comunidades.
Uma espiritualidade que adote um estilo de comunicação que escolha se abaixar e ouvir olhando no olho, que escolha conhecer e não só convencer e que escolha promover dialógos e pontes com o sonho de fazer do mundo um lugar melhor.

Israel Joab Mendes










MISSÕES: O Desafio continua.

Autor: Ronaldo Lidório

Editora: Betânia

Resumo:


Ronaldo Lidório é uma das maiores autoridades brasileira em missões. Suas contribuições não se resumem apenas ao trabalho em campo missionário. Seus escritos cobrem tanto o despertamento e a vocação para missões como diversas áreas da missiologia: Antropologia missionária, contextualização, plantio e revitalização de igrejas, lingüística, comunicação transcultural e fenomenologia da religião.
Em Missões: o desafio continua, Ronaldo Lidório procura despertar o leitor (que aqui se restringe à igreja como povo escolhido e propriedade particular) a tarefa da Grande Comissão (Mt 28.19). Lidório demonstra a necessidade que temos de não nos esquecermos da ordem de Jesus de irmos por todo o mundo e pregarmos o evangelho. Diante disso temos que voltar os nossos olhos para o tempo presente e reconhecermos e encararmos a realidade, os desafios e os obstáculos que se apresentam nessa grande tarefa dada a Igreja que é anunciar a Cristo em todos os povos.
O livro é dividido em 5 partes. Na primeira parte o autor conceitua missões em diversos termos como fidelidade, integridade, autoridade espiritual bem como o fundamento bíblico da missão. Na segunda parte Lidório trata das fronteiras que precisam ser ultrapassadas para a realização da missão. A barreira lingüística, cultural e espiritual são apresentadas e devidamente colocadas como os maiores dificuldades que se apresentam para o missionário. A igreja de Atos é estudada com minuciosidade e suas características constituem um modelo de igreja missionária e isso é tratado com afinco na terceira parte. Na quarta parte Lidório fazendo alusão a Lc 14.28-30 declara que antes de “construir uma torre” é necessário “calcular as despesas”, nos trazendo uma profunda reflexão de que há um preço a ser pago por cada um que se engaja nessa grande obra e se de fato estamos preparados para pagar esse preço. Na quinta e última parte ele termina nos convocando a “colocar a mão no arado”. A igreja visionária é aquela que enxerga a dor e a solidão do mundo sem Cristo e com isso coloca de fato a mão no arado.
Diante de tudo que foi visto uma pergunta surge: O que temos feito?
Ronaldo Lidório com sua paixão pela glória de Deus, seu amor pelos perdidos e sua incansável mão no arado nos mostra não somente o que temos que fazer e sim que é possível fazer!
Missões: o desafio continua!
(Rodrigo Almeida)







EVANGELIZAÇÃO OU COLONIZAÇÃO? 
O Risco de fazer Missão sem se importar com o outro


Autora: Analzira Nascimento
Editora: Ultimato

Resumo: 
Analzira foi missionária em Angola pela junta de Missões Mundiais e serviu por 17 anos naquele país,mesmo no período da guerra civil. Ela coordena projetos missionários na Igreja Batista Água Branca, leciona sobre missiologia em várias instituições teológica e coordena eventos de missões como o VOCAÇÃO. 
O presente livro é a publicação de sua tese de Doutorado em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo.

Abaixo tem uma boa resenha de Daniel Buanaher sobre o livro.


O livro começa descrevendo a crise pragmática sociocultural e epistemológica que vivemos neste início de milênio e que afetou também o projeto missionário cristão. Faz uma boa demonstração da influência do iluminismo no pensamento e prática missionária, contribuindo para configurar o sentimento de superioridade ocidental, que foi fortalecido com os projetos colonialistas. Descreve a crise desse modelo e sugere a busca de uma adequação para superar o descompasso com um novo mundo.

Expõe como o modelo de missão foi sendo sedimentado a partir da compreensão que a igreja tinha acerca do seu papel no mundo em cada época. O livro fica mais interessante no capítulo sobre o protestantismo, quando discute o projeto imperialista e monocultural que a Reforma Protestante impulsionou com marcas do puritanismo e do pietismo. No último capítulo, propõe um reencontro com a dialogicidade para atuar uma nova lógica descolonizada. Defende a recuperação do modelo ideal bíblico, o aprendizado com a história e a educação do olhar para ver o mundo na perspectiva do outro. Afirma que é preciso parar de invadir “a casa do outro”, entender que ele também tem o que dizer e que, ouvindo, alcançaremos condições do diálogo.

Analzira, a escritora-focada, não se prende muito nas questões teológicas nem quando vê um assunto que poderia garantir um belo debate como a Missio Dei. Diz ela que o livro não é sobre teologia da missão, mas sobre encontrar alternativas que recuperem o ideal do projeto inicial de Deus.
Entretanto, Analzira está sempre atenta às questões mais importantes. Por exemplo, quando precisou redefinir o termo “missão”, chama Karl Barth, que definiu missão como a ação de Deus no mundo. E o africano David Bosch que disse que missão é envolver-se no movimento do amor de Deus com a humanidade. Assim, a Missio Dei nos dá uma visão mais holística e traz abordagens mais relacionais e menos gerenciais.

As comunidades evangélicas não deveriam se fechar em seus guetos, falando com um mundo que não existe. É preciso ter uma visão sistêmica que contempla o homem na sua integralidade e compreender nossa responsabilidade diante da sociedade contemporânea.

Levar o Evangelho não significa se impor diante da cultura do outro. Na evangelização, fica implícito que todos podem continuar a tecer, compor, escrever, brincar, dançar como sempre fizeram, desde que isso não se oponha ao evangelho. O evangelho nos convoca à pratica da justiça; traz abordagens solidárias entre distintos homens e mulheres e nos convida a tornamo-nos cada vez mais parecidos com Jesus, nosso irmão e amigo.

Portanto, que possamos – com a graça de Deus – negar na nossa prática missionária a colonização e praticar a evangelização dialogal.




(RE) PENSANDO A MISSÃO DA IGREJA LOCAL  
Autor: C. René Padilla

Editora: Ultimato

Resumo:
René Padilla é um dos teólogos e pensadores protestantes latino americanos mais conhecidos e respeitados em todo o mundo. É um dos membros fundadores da Fraternidade Teológica Latino Americana, considerado um dos pais da Teologia da Missão Integral e reconhecido e respeitado conferencista sobre temas relativos a missão da igreja, reino de Deus e o casamento entre evangelismo e ação social como missão completa da igreja.
Neste Livro o autor aborda a necessidade de a igreja repensar a sua missão diante das constantes mudanças do mundo e das crescentes necessidades da humanidade.
Inicialmente o autor apresenta a ação e presença do Espírito Santo no Pentecostes como realidade inseparável da Igreja em sua missão. Nos capítulos 1 a 3 ele descreve esta relação da igreja e o Pentecostes em Atos 2 em três partes:
O evento do Pentecostes (v.1-13), o significado do Pentecostes (v.14-39) e os resultados do Pentecostes (v.40-47).
Apartir do capítulo 4 até o 13 a abordagem do autor tem ênfase mais missiológica e eclesiológica missional. No Capítulo 4 afirma a vocação missionária de toda a igreja e de todo cristão. Ele demonstra que o cristianismo foi sempre um movimento de leigos e que expandiu e se consolidou assim por muito tempo. Somente depois que a noção de “profissionalização” do ministério e da missão se infiltrou na igreja e se estabeleceu até os dias de hoje.
Esta noção de a missão da igreja ser coisa para “especialistas” constitui uma das maiores barreiras para o cumprimento da missão da igreja. Certamente é algo que precisa ser repensado.
Nos capítulos 5 e 6 René afirma que a obra missionária é uma obra de cruzamento de fronteiras, quer geográficas ou culturais. Também ele diz que “para ser missionário basta cruzar fronteiras entre a fé e a ausência de fé portando a mensagem do evangelho, e as linhas delimitadas em relação a Jesus Cristo, e não em termos de geografia ou de cultura. ”
Importante também é a reflexão sobre as dicotomias doentias entre “igrejas missionárias” e “igrejas receptoras” e entre “igrejas jovens e igrejas estabelecidas”. Estas dicotomias ressaltam o papel de dominação de uma sobre a outra e falta de unidade e de interdependência na obra missionária de tempos atrás e ainda repetidas em alguns contextos missionários hoje.
Dos capítulos 7 a 10. São tratados temas práticos e relevantes como o crescimento numérico da igreja (sua explosão na América Latina, suas causas, natureza e implicações), o papel importante da unidade da igreja na missão e as terríveis consequências da fragmentação do corpo de Cristo.
Outros temas igualmente relevantes tratados são “as missões e o dinheiro” (sua falta e a sua necessidade) e a “pregação do evangelho da prosperidade” como reflexo de uma era consumista e de busca em suas falsas promessas por soluções para a fome e a pobreza onde o poder público tem falhado de forma miserável.
Capítulo 11 aborda a importância dos pequenos grupos no cumprimento da missão da igreja ao redor do mundo nos dias de hoje. Em países fechados como a China, a igreja nos lares é o caminho de crescimento da fé cristã naquele ambiente hostil. Em países de crescente ceticismo e ateísmo como na Europa, as igrejas em templos têm fechado as portas, mas as igrejas nos lares permanecem de portas abertas. O autor também ressalta a alta qualidade na comunhão e espiritualidade nas igrejas nos lares na igreja primitiva. Elas eram a regra e não a exceção.
 Capítulos 12 e 13 focam mais na liderança cristã e seu papel no desempenho da missão. Cap.12  aborda a educação teológica para missão. A educação teológica e a formação da liderança cristã hoje deve focar na igreja como agente do reino de Deus para promover transformação no mundo.
Os líderes capacitam os leigos para atuarem em prol de uma missão que tem dimensões pessoais e sociais. Tal educação teológica deve responder e preparar para atuar nestas duas dimensões.
O cap. 13 trata do perigo e da tentação do poder e a ambição na liderança e do poder do amor para uma liderança serva marcada pela humildade e serviço.
Finalmente o autor encerra o livro compartilhando a sua jornada como pastor e da sua igreja de classe média em uma área residencial em Buenos Aires em uma igreja serva com ministérios voltados para a inclusão e auxílio de pobres e marginalizados da sociedade. Ele relata que foi uma jornada da “marginalização à solidariedade”.
Repensando a missão da igreja é um livro profundo escrito de forma simples e direta. Rico em reflexão Bíblico-teológica e de orientação missiológica relevante. Um livro que vale a pena ler e buscar viver o que ele ensina.
Boa leitura.
“O Espírito de Deus é um espírito missionário; a igreja que ele cria, portanto, é uma igreja com senso de missão” (René Padilla)
















O QUE É IGREJA MISSIONAL: Modelo e vocação no Novo Testamento

Autor: Timóteo Carriker


Editora: Ultimato

Resumo:

Timóteo Carriker é missionário americano atuando há 42 anos no Brasil, naturalizado Brasileiro e envolvido na plantação de igrejas, treinamento de missionários e produção de material missiológico relevante e contextualizado.

Neste Livro o autor aborda o significado e as marcas de uma igreja missional segundo o Novo Testamento através do modelo de igrejas Neo Testamentárias fundadas por Paulo.

Inicialmente o autor começa esclarecendo o significado etimológico das palavras “missional”, “missionário”, “missão” e “missões”. Em Síntese ele define o termo missional como: “a identidade da igreja como instrumento de transformação do mundo, especialmente em seu círculo mais imediato. ” Consequentemente a definição de “missionária” refere-se também a identidade da igreja como instrumento de Deus para a transformação do mundo, mas em contextos mais distantes. ”

Depois o autor passar a descrever o surgimento e desenvolvimento teológico e missiológico do conceito missional e Missio Dei.

No capítulo 1 o autor apresenta um dado pouco conhecido entre os cristãos contemporâneos. O cristianismo cresceu de 0 a 50% da população do Império Romano em 300 anos, devido principalmente ao seu constante testemunho. Uma taxa de crescimento de 40% por década. No 350 d.C. o cristianismo contava com mais de 33 milhões de adeptos, perfazendo 56% da população do Império Romano. A seguir autor apresenta os dois valores fundamentais do movimento cristão que contribuíram positivamente para o testemunho da igreja e o seu impacto missional.

1. O amor em ação: O autor cita dados históricos do estudo do sociólogo Rodney Stark e aponta que a igreja entendeu profundamente a dimensão social do seu chamado missionário. Com isso ocasionou transformações significativas na sociedade romana. O autor cita como exemplo desta atuação social transformadora e a adesão de mais pagão a fé cristã, a resposta cristã a duas epidemias que assolaram o império Romano.

  •  A epidemia da varíola (165 d.C.) – Esta epidemia durante 15 anos varreu cerca de um quarto da população do império.
  •  A epidemia da rubéola (251 d.C.) – Igualmente violenta atingindo igualmente cidades e áreas rurais.
 Stark elabora 3 teses para descrever as razões porque estas epidemias contribuíram para o crescimento da igreja:

 O diferencial da visão cristã acerca do sofrimento – O paganismo e as filosofias helênicas não viam propósito em desastres naturais e o cristianismo projetou uma visão esperançosa do futuro.

 O amor e caridade cristão – Os cristãos empreenderam um esforço de enfermagem heroico, muitas vezes a custo da própria vida. Eles cuidavam não apenas de seus irmãos, mas da população em geral. Enquanto a resposta pagã as epidemias era a fuga. Os cristãos eram mais capazes de lidar com os desastres, o que resultou em altas taxas de sobrevivência. Ao fim de cada epidemia o número de cristãos era maior.

 A quebra de vínculos que impediam a adesão cristã. Com a morte de grande parte da população, as epidemias interromperam vínculos pagãos que impediam a conversão ao cristianismo.

 O primeiro fator de crescimento cristão foi a presença eficaz do amor em ação (social)

2. A Graça abundante: A percepção da graça de Deus e a busca de viver somente por ela é o fator que nutre o amor em ação (social). Ela nutre o amor em ação porque quem vive pela graça de Deus, sabe que depende unicamente da misericórdia de Deus, sendo, então, muito mais capaz de espelhar essa mesma misericórdia nos seus relacionamentos humanos.

 “Acredito que um dos maiores desafios para as nossas igrejas atuais na sua tarefa missional é entender não apenas que nos tornamos povo de Deus unicamente por Sua Graça, mas que a Graça é o maior Paradigma pelo qual vivemos.

 “Frequentemente, a maior tentação da igreja não é simplesmente descambar para esta ou aquela heresia. O perigo maior é o mesmo dos hebreus advertidos na carta de Paulo: a negação efetiva da graça de Deus em sua vivência e o retorno para uma religiosidade governada pela lei, por regras, por tradição e por usos e costumes.

Apartir do capitulo 2 o autor entra de fato no cerne do livro que é as características missionais que marcam as igrejas neo-testamentárias. Do capítulo 2 ao capítulo 7 o autor analisa as características missionais de 6 igrejas: Antioquia, Roma, Filipos, Éfeso, Jerusalém e Galácia.

Nas suas análises o autor identifica nestas igrejas os dois valores fundamentais:

  • A vida pela Graça de Deus
  • O amor em ação

Além dos valores fundamentais, ele encontra 5 marcas missionais em comum nestas igrejas:

1.      Vida de oração e adoração (At 13:2-3; At 16:14;Rm 12:1-2;Ef 1:15-23;6:10-20;At 2:42,47;4:23-31)
2.     Liderança Diversificada e bem distribuída – (At 6:1-7;13:1-3;Rm 16:1-6,21-23;Fp1:1)
3.     Dependência do Espírito Santo – (At 13:2; Rm 8:1-11;At 16;Ef 1:13-14;At 2:16-21;4:31;Gl 5:16-26)
4.     Ministério de longo prazo e grande esforço – (Rm 15:19-21;Fp 2:15-16;Ef 3:10;At 1:8;8:1-3)
5.     Percepção de sua vocação Missional – (Rm 15:18; 16:26;Ef 6:5-9) 

Outras características missionais descritas em algumas igrejas

  • A vocação missional da igreja é iminentemente voltada para fora,e não para dentro (At 1:8;5:42)
  • A igreja existe por Deus para o mundo (Alvo de testemunho o mais abrangente possível (Rm 15:20; Ef 3:10;Hc 2:14)

 “O impacto do Reino de Deus não é mera questão de métodos e estratégias..., Mas acima de tudo, é uma questão de conteúdo.
A nossa mensagem é a Graça de Deus revelada na crucificação e Ressurreição de Jesus e vivida diariamente pelo Espírito Santo.
Somente a graça pode nutrir o amor do povo de Deus pelo seu próximo,
o que, por sua vez, abre caminho para o anúncio do evangelho e a transformação que ele promove na vida daqueles que creem. ”




















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